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Sindicarne - Goiás

Pelos olhos do dono

O projeto “Pelos olhos do dono” foi criado para mostrar como é feita a realização com seriedade e compromisso de um trabalho técnico levado a nossos clientes por intermédio de nossos olhos. Informações preciosas, levantadas durante o abate, podem e devem ser utilizadas para a correção de erros graves, tanto no processo dentro da empresa frigorífica como da fazenda. Através do chamado Feedback – que a indústria frigorífica não fornece aos pecuaristas -, a assessoria em abate funciona como uma verdadeira consultoria, quantificando e tabulando dados importantes para que erros em abates do passado não se repitam nos do futuro.

Muitas vezes observamos, em centenas de abates realizados, que o vilão da história é o próprio pecuarista, com animais mal pesados; balanças de abate mal aferidas e sem as devidas manutenções; animais vacinados com agulhas cegas, rombudas e contaminadas; falta de capacitação de seus funcionários; manejos de embarque com muito barulho e ferrões; currais mal cuidados, que ocasionam sérios hematomas (lembrando que animais machucados deitam nos caminhões durante o trajeto e não se hidratam quando chegam), e principalmente controle de doenças, pois animais doentes valem menos no gancho.

A assessoria em abate traz até seus clientes todo o histórico dos animais, desde seu pré-embarque até a pesagem final das carcaças, mostrando como estão seus acabamentos, conformações de carcaça, hematomas de manejo, embarque, transporte e desembarque, onde foram encontradas lesões de vacinas e em que processo estavam, quantificando todos os gargalos encontrados por lote. O Feedback leva às mãos dos responsáveis relatórios com todas as informações encontradas para as devidas providências.

Exemplo de rebanho uniforme para abate

Exemplo de rebanho uniforme para abate

Uma série de perguntas sem respostas

  • Os programas de vacinação e principalmente nutrição estão funcionando?
  • Com tanto dinheiro investido em nutrição, recebi o acabamento que prometeram?
  • E a cisticercose que sempre foi vilã, com a dose aplicada, diminuiu o prejuízo?
  • Como o pré-abate pode ajudar a economizar nos dias que antecedem o abate?
  • Como aproximar mais o peso do animal da fazenda com o do gancho para saber se fui lesado?

O pecuarista leva 2/3 anos investindo em um boi e depois não sabe onde acertou ou errou. Esse tipo de trabalho realizado sobre melhores rendimentos de carcaça tem sempre temas de muitas dúvidas e argumentações, principalmente sobre qual frigorífico escolher. Se não realizar um trabalho benfeito, no qual pode absorver informações para as tomadas de decisões futuras para não se cometer sempre os mesmos erros, todos esses anos serão jogados no ralo, como medicamentos, mão de obra, máquinas e equipamentos, combustível, água, energia, infraestrutura, simplesmente tudo será jogado fora.

Ematomas demonstrando péssimo manejo

Ematomas demonstrando péssimo manejo

Mudança de mentalidade

O melhor seria que o pecuarista de tempos em tempos acompanhasse seus abates ou no mínimo enviasse o responsável da fazenda para ver de perto como estão os animais no gancho, levar a seus vaqueiros os dados colhidos e mostrar a eles como o trabalho realizado de forma correta está diretamente ligado ao sucesso de toda a cadeia alimentar e à saúde de seus consumidores finais.

Em anos de experiência podemos constatar que quando muitos pecuaristas pensam em rendimento de carcaça lembram-se apenas da balança do frigorífico, mas se esquecem que pequenos detalhes relacionados ao pré-abate podem fazer grande diferença no resultado almejado. Muitos pesam seus animais 15 dias antes do embarque, outros pesam apenas uma parte, fazendo uma amostragem de peso. Isso não funciona e está longe de ser referência, e no final acabam culpando a indústria frigorífica, pois ficaram apoiados em dados errados.

Que segurança ou respaldo o pecuarista terá ao passar sua insatisfação com o abate? Pesagens mal feitas e a falta de acabamento nas carcaças têm sido tema de grandes desentendimentos com os frigoríficos.

Cada frigorífico tem um sistema de limpeza

Cada frigorífico tem um sistema de limpeza

 Algumas dicas para melhorar o rendimento de carcaça

  • Trabalhar com animais de boa genética, com aptidão para melhores carnes;
  • Padronizar ao máximo os lotes enviados ao abate, como caracterização, raça, idade ou peso;
  • Caprichar na terminação para melhores acabamentos de gordura;
  • Manejar adequadamente os animais no embarque, para evitar estresse e contusões (animais machucados não se hidratam no curral do frigorífico);
  • Vacinas sempre aplicadas no tronco, obedecendo recomendações técnicas, evitando futuros hematomas;
  • Ter sempre controle de doenças, principalmente cisticercose, peritonite, tuberculose, etc;
  • Fazer jejum nos animais a serem embarcados, favorecendo a hidratação no curral do frigorífico. Muitos dizem ser difícil ou impossível juntar seus animais no curral um dia antes de embarcá-los e deixá-los sem comida e água, devido principalmente a problemas como a sodomia, mas podem realizar com antecedência a inclusão social desse lote em pastos perto dos seus currais, facilitando assim o dia do embarque. A pesagem em jejum aproxima mais o peso da fazenda com o do gancho, além do que animais com rúmens vazios se hidratam mais, aumentando razoavelmente seus rendimentos de carcaça;
  • Monitorar os transportes, evitando hematomas e principalmente atrasos na rota até o frigorífico, pois animais machucados não bebem água, deitam nos caminhões e nos currais e acabam sendo pisoteados pelos outros.
  • Hematomas saem na limpeza juntamente com lesões de vacina;
  • Fazer o acompanhamento e a assessoria de abate nos animais enviados para a coleta de dados periódicos;
  • Corrigir falhas e gargalhos detectados nos relatórios de abate;
  • Quando se trata de animais confinados, o interessante, dependendo da distância percorrida até o frigorífico, é interromper os últimos tratos do dia, pois a conversão alimentar não se dará até o dia do abate, sendo assim contabilizado no trato diário, economia no bolso.

“O boi é do pecuarista até a balança, por isso é seu direito acompanhar o abate para verificar se o mesmo está retirando da carcaça somente as partes determinadas pela legislação. Erros cometidos do curral de espera a pesagem dos animais, seja por imperícia, descuido ou até mesmo má-fé, não podem resultar em ônus para o produtor.”

Janaina Flor e Fernando Nunes