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Sindicarne - Goiás

Executivo da ABPA faz um balanço e as perspectivas sobre o comércio de carnes

Os resultados de 2017 superaram significativamente a expectativa traçada pela avicultura e pela suinocultura do Brasil no primeiro semestre.  Após viver sua mais profunda crise de imagem, vislumbra um horizonte positivo para o setor.

Os equívocos nas generalizações na divulgação da Operação Carne Fraca deixaram, de imediato, marcas profundas no setor produtivo, seja junto ao público brasileiro ou aos mercados internacionais.

Internamente, o setor produtivo virou rapidamente a página, com a apresentação dos esclarecimentos técnicos.  No mercado internacional, entretanto, o processo foi mais longo e ainda hoje tem suas consequências.

Ao todo, 77 países aplicaram algum tipo de sanção às carnes de aves e de suínos do Brasil.  Atualmente, apenas Santa Lúcia, Trinidad e Tobago e o Zimbábue mantém o bloqueio total às exportações brasileiras de carne de frango e de carne suína – destes apenas Trinidad e Tobago efetivaram embarques em 2016, no total de 217 toneladas. De forma geral, as medidas que perduram são as suspensões parciais (somente às plantas investigadas na Operação). Outros mercados intensificaram o processo de inspeção das importações.

De acordo com as projeções da ABPA, as exportações de carne de frango devem encerrar o ano em patamares próximos ao alcançado em 2016 (quando registramos nosso melhor desempenho em volumes da história), porém, com uma receita superior.   As vendas para África do Sul, Egito, Iraque, Japão, México e Angola reduziram os impactos da diminuição das importações chinesas, europeias e de países árabes, além de outros mercados que apresentaram diminuições menos expressivas.

De carne suína, mesmo com embarques em níveis inferiores em relação ao ano anterior, chegar a volumes próximos de 700 mil toneladas foi uma vitória para o setor.  Em 2017, os elevados estoques chineses influenciaram a retração deste que foi o terceiro maior importador de 2016, ao mesmo tempo em que a Rússia, Argentina e Uruguai incrementaram significativamente suas compras.

Em situação ainda mais positiva, o mercado interno brasileiro reconquistou parte dos níveis de consumo perdido ao longo dos últimos dois anos, como impacto direto da crise econômica vivida pelo país.  O cenário de otimismo observado nos últimos meses também é visto no consumo de proteína animal. O setor de ovos, por exemplo, chegou as 192 unidades per capita – maior índice já registrado na história do setor.  Os índices de consumo per capita de carne de frango e de carne suína também devem apresentar elevações neste ano, conforme as projeções da ABPA.

E, diferente do visto em 2016, o setor não foi impactado por dois alicerces importantes de sua sustentabilidade econômica: o câmbio e os insumos.  A relativa estabilidade cambial em longos períodos de 2017 favoreceram os negócios de exportações do setor. 

E os custos de produção ajudaram: o preço equilibrado do milho e da soja, com a boa oferta dos insumos, garantiram ao setor produtivo melhor capacidade competitiva internacional neste ano.  Este é um cenário que o setor trabalhará para manter em 2018, priorizando a compra do cereal produzido no Brasil – importando, apenas, aos núcleos de produção onde se faça necessário.

O setor, aliás, tem boas expectativas quanto ao próximo ano: com a esperada concretização dos entendimentos entre russos e brasileiros em relação às questões técnicas, a carne suína produzida aqui deve ser mais demandada, com a realização da Copa do Mundo na Rússia.   Além disto, a Coreia do Sul e o Ministério da Agricultura brasileiro devem finalizar os acordos de certificação sanitária, para dar início aos embarques. O Peru é outro mercado que, em breve, deve importar a carne suína do Brasil.

De aves, há a expectativa de reaquecimento das importações dos países do Oriente Médio.   Na Ásia, as vendas para a Indonésia ainda devem demorar a apresentar impactos positivos nas exportações, após as conclusões do Painel movido pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio contra as medidas protecionistas aplicadas pelo país asiático ao produto brasileiro.  Por outro lado, há expectativa quanto a viabilização das vendas para Taiwan, cuja análise documental e de legislações já se encontra em fase final.

No mercado interno, a consolidação da retomada econômica deve manter em alta a demanda pelo produto brasileiro – mesmo com o conturbado cenário político, em ano de eleição.

Neste cenário, a ABPA, como representação setorial, seguirá em busca de novas oportunidades para o setor produtivo brasileiro, mantendo a unificação dos elos da cadeia produtiva.  Como nunca, o ano de 2017 comprovou a importância de uma associação como representação setorial, liderando a interlocução com o governo e a sociedade, além dos stakeholders internacionais. Este projeto deve ser ainda mais fortalecido no próximo ano. 

CARNE DE FRANGO 

Produção

Previsão 2017: A produção brasileira de carne de frango deverá totalizar 13,056 milhões de toneladas, número que supera em 1,2% o volume produzido pelo país em 2016, de 12,90 milhões de toneladas.

Com este desempenho, o consumo per capita deverá encerrar o ano em 42 quilos, uma elevação de 1,8% em relação ao consumo do ano passado, de 41,1 quilos per capita.

Previsão 2018: De acordo com as estimativas da ABPA, a produção de carne de frango no próximo ano deverá superar em 2% a 4% o volume produzido em 2017.

Fatos relevantes:

  • Retomada econômica;
  • Expectativa de manutenção dos custos de produção em patamares próximos dos atuais;

Exportações

Os embarques de carne de frango totalizaram 325,4 mil toneladas em novembro (-0,8% em relação a novembro/2016).  Com isto, o setor obteve receita de US$ 557,8 milhões (+5,6%).

No acumulado do ano (janeiro a novembro), foram embarcadas 3,999 mil toneladas (-0,56%), com receita de US$ 6,712 bilhões (+7%).

Previsão 2017:  As exportações de carne de frango deverão totalizar 320 mil toneladas em dezembro (-10,2%).

Com isto, o setor deve encerrar o ano com embarques de 4,320 milhões de toneladas (-1,48%), obtendo receita de US$ 7,2 bilhões (+6%).

Previsão 2018: Expectativa de elevação entre 1% e 3% em volumes, em relação ao resultado de 2017. 

Fatos relevantes:

  • Espera-se a recuperação dos níveis de embarques para a União Europeia, de importantes mercados do Oriente Médio e da China;
  • Habilitação de novas plantas para a China deve influenciar desempenho de 2018;
  • Abertura do mercado de Taiwan, El Salvador e República Dominicana;
  • Concretização do acordo Mercosul – União Europeia;
  • Efeitos da vitória do Painel na OMC contra a Indonésia só serão vistos em 2019, mas podem começar a ser sentidos em 2018;
  • Setor fará nova tentativa de negociação para a abertura do mercado da Nigéria, antes de solicitar ao governo brasileiro o início das consultas para um painel na OMC;
  • O Brasil está estruturando sua defesa em relação às investigações chinesas sobre práticas de Dumping no setor. O setor defende que não há qualquer nexo causal entre as exportações brasileiras ou a eventual situação mercadológica local que leve a esta interpretação. O setor e as indústrias estão mobilizados para clarificar quaisquer questionamentos. 

CARNE SUÍNA 

Produção

Previsão 2017: A produção brasileira de carne suína deverá totalizar 3,758 milhões de toneladas, número que supera em 0,5% o volume produzido pelo país em 2016, de 3,731 milhões de toneladas.

Com este desempenho, o consumo per capita deverá encerrar o ano em 14,7 quilos, uma elevação de 2% em relação ao consumo do ano passado, de 14,4 quilos per capita.

Previsão 2018: De acordo com as estimativas da ABPA, a produção de carne suína no próximo ano deverá superar em 2% a 3% o volume produzido em 2017.

Fatos relevantes:

  • Retomada econômica;
  • Expectativa de manutenção dos custos de produção em patamares próximos dos atuais;
  • Mercado interno deve seguir atrativo para o setor.

Exportações

Os embarques de carne de carne suína totalizaram 54,3 mil toneladas em novembro (-19,4% em relação a novembro/2016).  Com isto, o setor obteve receita de US$ 125,2 milhões (-24,6%).

No acumulado do ano (janeiro a novembro), foram embarcadas 643,5 mil toneladas (-5,6%), com receita de US$ 1,509 (+9,8%).

Previsão 2017:  As exportações de carne suína deverão totalizar 50 mil toneladas em dezembro (equivalente ao embarcado no mesmo período de 2016).

Com isto, o setor deve encerrar o ano com embarques de 693 mil toneladas (-5,4%), obtendo receita de US$ 1,624 bilhão (+9,5%).

Previsão 2018: Expectativa de elevação entre 4% e 5% em volumes, em relação ao resultado de 2017, retomando patamares próximos ao alcançado em 2016 (com 732 mil toneladas).

Fatos relevantes:

  • Retomada da Rússia deverá ocorrer em breve.  A realização da Copa do Mundo deverá influenciar positivamente a demanda por carne suína brasileira.
  • Espera-se que os embarques de carne suína para a Coreia do Sul aconteçam ainda em 2018, com a conclusão dos certificados sanitários para as plantas habilitadas;
  • Abertura do mercado peruano em 2018;
  • África do Sul deve manter forte ritmo de importações no próximo ano.

CARNE DE PERU 

Produção

Previsão 2017: A produção brasileira de carne de peru deverá totalizar 390 mil toneladas, número que supera em 6,1% a produção do setor em 2016, de 367 mil toneladas. 

Exportações

Os embarques de carne de peru totalizaram 6,6 mil toneladas em novembro (-45,6% em relação a novembro/2016).  Com isto, o setor obteve receita de US$ 17,1 milhões (-44,5%).

No acumulado do ano (janeiro a novembro), foram embarcadas 103,8 mil toneladas (-17%), com receita de US$ 259,1 milhões (-12%).

Previsão 2017:  As exportações de carne de peru deverão totalizar 109 mil em 2017 (-21%), gerando receita de US$ 276 milhões (-16,2%).

Fonte: ABPA | Adaptação: Sindicarne Goiás