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Sindicarne - Goiás

O povo gostava de comício

Na década de 50 e começo dos anos 60, antes da ditadura militar, o povo gostava de assistir aos comícios políticos. As duas facções fortes da época (UDN – União Democrática Nacional e o PSD – Partido Social Democrático) dividiam mesmo o povo. Nas cidades, os ranchões dos partidos políticos eram bastante frequentados. Bailes, comidas e muita animação faziam parte. Era mais que uma festa para o povo não só da cidade, mas também da zona rural.

Lembro-me que, em Catalão, a política local era muito forte e muita gente vinha da roça para a cidade especialmente para assistir a esses comícios, vendo de perto o desempenho de seus candidatos e ao mesmo tempo se divertindo.

Zé Caetano, um peão amigo nosso, que trabalhava em uma fazenda na localidade de Coruja, hoje zona de exploração de jazidas de fosfato, não perdia um comício. Os ranchos dos políticos eram fixos, porém os comícios eram feitos em localidades diferentes a cada dia para atrair mais o povo. Assim, o povo da roça chegava à cidade e perguntava onde era tal comício.

Certa tarde chegava Zé Caetano. Na entrada oeste de Catalão tem um bairro de nome Boca da Onça. Nome de um boteco que era parada obrigatória de quem queria tomar uma pinga e se informar de alguma coisa. O Zé apeou de sua égua. Tomou uma “quemosa” das boas e, na saída, puxando a égua pelo cabresto, meio analfabeto, fez a seguinte pergunta para uma velhinha que ia passando:

– Dona, a sinhora sabe onde é o “comiço”?

Aconteceu que a frase do Zé Caetano saiu truncada, e com o seguinte som: “A sinhora sabe onde eu como isso?”

A velha, assustada, olhou na égua, olhou no Zé, e disse:

– Cê vai cumê isso na porta da puta que te pariu, seu cachorro indecente…

 

OPovoGostavaDeComício

Luiz Carlos Rodrigues