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Sindicarne - Goiás

Mercado de produtos ‘halal’ terá 2 bilhões de consumidores

 

Quase dois bilhões de consumidores ou um quarto da população mundial. Esse é o tamanho do mercado islâmico, que pode chegar a 2,2 bilhões de compradores até 2030. Para atingir esse público, as exportadoras brasileiras precisam garantir nas mercadorias o certificado halal, que atesta que itens, como alimentos e bebidas, são produzidos de acordo com padrões muçulmanos. Com o objetivo de facilitar mais acordos com o bloco, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e a agência ApexBrasil, de fomento às exportações, criaram o Projeto Halal do Brasil. “O foco é estimular a venda de produtos com a certificação e ampliar a exportação para os 57 países que compõem a Organização para Cooperação Islâmica (OCI)”, explica Silvana Scheffel Gomes, diretora de marketing e conteúdo da Câmara. No ano passado, os integrantes da OCI compraram do Brasil US$ 23,4 bilhões em alimentos e bebidas, segundo Gomes. 

O valor, no entanto, representa apenas 10% do total adquirido, anualmente, pelos membros da OCI, nessas categorias. “Há muito espaço para crescer”, diz. Para isso, o projeto prevê investir R$ 15,4 milhões até 2025 em ações de promoção de produtos no exterior e no subsídio à certificação de fabricantes. “As companhias podem se candidatar para conseguir um apoio de até 50% nos custos para obter o selo halal”, garante. A meta é sensibilizar 500 companhias sobre o tema em dois anos e habilitar 50 delas ainda em 2023.

 Até agora, segundo a executiva, cerca de 350 empresas participaram de seminários no Brasil sobre as exigências islâmicas. Dessas, 28 ingressaram no projeto e 20 estão em fase de adesão, com a intenção de participar de ações internacionais, no segundo semestre. Quatro missões estão programadas para destinos como Malásia e Indonésia. Entre novembro de 2022 e fevereiro deste ano, foram organizadas viagens para a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) com 17 companhias, inclusive frigoríficos. 

No Brasil, o seminário mais recente aconteceu em Belém (PA), para empresas que beneficiam produtos amazônicos. Gomes ressalta que os mercados árabes mais avançados na compra de alimentos do Brasil são a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Egito, mas há novas movimentações no comércio. “Nos últimos meses, tivemos um incremento no Iraque, Marrocos e na Líbia, que reabriu os portos depois de anos de conflitos.” Além da proteína animal brasileira, despachada para o mercado árabe desde os anos 1970, a especialista enxerga potencial de vendas em frutas, como graviola, cupuaçu e açaí. 

De acordo com Walid El Orra, gerente de relações internacionais da CDIAL Halal, certificadora que opera no Brasil desde 1984, o país reúne cerca de mil empresas com o selo. Somente a CDIAL diplomou mais de 300, diz ele. No ano passado, a maioria (45%) dos atestados foi para químicos usados nas indústrias de cosméticos e farmacêuticas. O custo para obter o selo varia de acordo com certificadora, tamanho da fabricante e o produto a ser averiguado, diz Orra, sem revelar os valores.

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