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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS NO PERÍODO DE SECAS

A produção de bovinos de corte em pastagens tem sua base produtiva nos nutrientes oriundos das forragens. As concentrações desses nutrientes variam grandemente de acordo com a época do ano e o estágio vegetativo da planta, determinando os índices de desempenho dos animais. As características histológicas, físicas e químicas das plantas forrageiras são em parte responsáveis pelas diferenças quanto aos potenciais de digestibilidade e de consumo de forragem (Poppi & Mclennan, 1995).

O ganho de peso depende principalmente do suprimento de substratos energéticos e aminoácidos aos tecidos, considerando que o limite genético para síntese proteica dificilmente seria alcançado pelos animais em pastejo, as diferentes estratégias de suplementação determinam maiores produções até atingirmos o limite genético de cada rebanho. O suprimento de aminoácidos está relacionado ao conteúdo proteico da dieta, da sua transferência na forma de proteína não degradável e microbiana, e da absorção destas no intestino delgado. Por outro lado, a deposição proteica depende da eficiência do uso da proteína absorvida, que é função da disponibilidade de substratos energéticos e de aminoácidos essenciais limitantes.

A suplementação é essencial também no período da seca

A suplementação é essencial também no período da seca

Há muitos anos iniciaram-se as pesquisas com o objetivo de reduzir a significativa perda de peso que ocorre durante o período de secas, com baixa produtividade forrageira, seja fornecendo fontes de nitrogênio não proteico, ou suplementando com alimentos proteicos alternativos.

A adoção de fontes de nitrogênio não proteica, como a ureia, associada às misturas minerais, é a forma mais frequentemente utilizada para eliminar a deficiência proteica durante o período seco, porém devemos lembrar que esta suplementação é direcionada aos microrganismos ruminais, e não aos animais diretamente.

A suplementação proteica de animais em pastejo durante o período de secas permite eliminar as fases negativas do crescimento, através do ajuste metabólico ruminal, melhorando a digestibilidade da forragem de baixa qualidade desse período, minimizando os efeitos de enchimento, que diminuem a ingestão total de matéria seca. A suplementação a pasto tem grande influência na produção de carne, pois, além de reduzir a idade de abate, diminui o custo fixo e permite maior velocidade no giro de capital. Além disso, a suplementação proteica de animais em pastejo é uma ferramenta que permite corrigir dietas desbalanceadas, melhorando o ganho de peso vivo, conversão alimentar e, por consequência, diminuindo os ciclos produtivos da pecuária de corte.

Segundo Poppi & Mclennan (1995), a habilidade de alterar a composição corporal dos animais mantidos a pasto depende da obtenção de alta relação energia/proteína em referência aos nutrientes absorvidos. O simples aumento dos teores proteicos do material ingerido não é uma garantia de maior suprimento intestinal de proteína por unidade de matéria seca ingerida, ou maior quantidade de proteína absorvida. Tal eficiência no aproveitamento da fração proteica dependeria da disponibilidade de energia para os microrganismos ruminais utilizarem a amônia oriunda da proteína degradada.

Acredita-se que em condições de pastagens tropicais, durante o período de secas, ocorra tanto deficiência de proteína degradável no rúmen (PDR) quanto de proteína não degradável no rúmen (PNDR). Com isso, haveria necessidade de adição de fontes de proteína pouco solúveis, quando da suplementação de animais recebendo dietas à base de forragens de baixa qualidade. Porém, as concentrações de PDR devem ser primariamente consideradas na suplementação proteica para se obter a máxima degradação da forragem no rúmen (Bandyk et al., 2001).

A inclusão de PDR em dietas com forragem de baixa qualidade melhora a digestibilidade da fibra e aumenta a ingestão de matéria seca diária dos animais. Foram observados melhores resultados no desempenho dos animais com inclusão de PDR, tanto em dietas à base de feno de baixa qualidade (Mathis et al., 1999) quanto com 79,5% de milho quebrado (Shain et al., 1998).

Dois problemas devem ser considerados em relação à proteína de forragens tropicais: um seria os baixos teores, o outro, a considerável degradabilidade ruminal da mesma. As características de degradação e a qualidade da fonte proteica fornecida aos animais são de extrema importância. A utilização de fontes proteicas de menor degradação ruminal proporcionará maior quantidade de proteína no intestino, mas não assegura melhora no desempenho, sendo esse dependente do valor biológico da fonte proteica utilizada. A simples substituição na dieta de PDR por PNDR poderá causar uma deficiência PDR, afetando os microrganismos ruminais e diminuindo a degradabilidade da porção fibrosa da dieta.

André A. Souza

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