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Sindicarne - Goiás

IBAMA E FABRICANTES DE ARMAS ORIENTAM CAÇADORES DE JAVALI A SE ORGANIZAREM BUSCANDO A LEGALIDADE

Vários estados brasileiros estão lidando com sérios problemas que envolvem a presença de Javalis nas propriedades rurais dizimando lavouras, atacando pessoas e carregando o fantasma de doenças que ameaçam os rebanhos domésticos. Os Javalis são hospedeiros de males como a peste clássica suína, febre aftosa, brucelose a tuberculose e outras 23 doenças em potencial, segundo a Embrapa Suínos e Aves em Concórdia–SC.

Daniel Terra: Entre as boas parcerias estão o Fundepec-Goiás e a Agrodefesa

Daniel Terra: Entre as boas parcerias estão o Fundepec-Goiás e a Agrodefesa

Entre os vários estados que estão se organizando, Goiás é um deles além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Aqui foi fundada recentemente, a Associação Goiana de Caça e Conservação que já possui quase 500 associados e abriu espaço para novos adeptos, pretendendo chegar a 3.000 até o final de 2018. Explicou seu presidente Daniel Terra que, para se organizar melhor, a entidade vem buscando tecnologias, atualização no que se refere a legislação específica e treinamento de associados etc. Recentemente AGCC buscou apoio e encontrou junto ao Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária – Fundepec-Goiás e a Agrodefesa que, juntos, atuam através de parceria público/privada no combate a doenças diversas que atacam bovinos, suínos e aves.

Uma das ferramentas da AGCC é a realização de eventos específicos. O último deles aconteceu no dia 8 deste mês de outubro no Parque da Pecuária em Goiânia. Na ocasião, vários especialistas se fizeram presentes e algumas palestras foram proferidas com temas de interesse dos caçadores. Um dos palestrantes foi o vice-presidente da empresa Taurus, fabricante de armas de fogo, Salésio Nuhs.

Salésio Nuhs: “Armas e munições só com autorização da autoridade competente”

Salésio Nuhs: “Armas e munições só com autorização da autoridade competente”

Segundo ele, a caça legalizada é uma solução eficaz para o chamado controle estratégico do Javali. Para tanto, os interessados devem procurar as entidades de Caça e Conservação pois elas estão estruturadas para orientações gerais quanto a legislação e o uso de armas e munições corretas. Salientou Salésio que a Taurus e a CBC são hoje uma única empresa que dispõe de equipamentos seguros, para que as pessoas possam atuar de forma legal. Para aderir essa iniciativa, o caçador deve possuir armamentos corretos cuja legislação envolve o Exército Brasileiro, responsável pela liberação de licença específica. Sem ela, ninguém pode sair por aí atirando nesses animais de forma indiscriminada. Primeiro porque corre riscos até mesmo de ser atacado e segundo, porque está infringindo a lei.

Álvaro Mouawad:”Goiás está de parabéns por tratar o problema com seriedade”

Álvaro Mouawad:”Goiás está de parabéns por tratar o problema com seriedade”

Outro palestrante foi o gaúcho Álvaro Barcellos Souza Mouawad, pertencente à Sociedade Brasileira para Conservação da Fauna, com larga experiência inclusive internacional sobre meio ambiente. Ele orientou os presentes sobre os problemas criados pelo Javali, narrando experiências no Brasil e em outros países. Parabenizou também a iniciativa de Goiás em tratar o assunto de maneira séria, profissional e as parcerias que a Associação Goiana de Caça e Conservação vem firmando com entidades e órgãos governamentais, com projetos a serem cumpridos a curto, médio e longo prazos.

O QUE DIZ O IBAMA

 

No II Encontro de Caçadores no Parque da Pecuária em Goiânia, representantes do Ibama também se fizeram presentes entre eles o Diretor de Comunicação, Jornalista Leo Caetano Fernandes e o Superintendente Regional, Renato de Paiva e Wanderley. Segundo Renato, o Ibama  em Goiás está atento quanto ao problema e tem buscado orientar todos os seguimentos envolvidos, colaborando no sentido de que a situação seja controlada. Renato orienta que a ninguém é dado o direito de caçar esses animais sem o referido cadastro junto ao órgão e ao Exército e uma vez feito isso, é preciso que os caçadores mantenham contatos diretos com o Ibama relatando sua atuação. Para tanto, são preenchidos relatórios específicos sobre a propriedade visitada, quantos animais foram abatidos, qual o município etc. Esse documento deve ser entregue junto ao Ibama a cada três meses. Isso faz parte de um projeto com vistas a monitorar todos os grupos de Javalis no Estado e igualmente no resto do País. Só assim se poderá buscar soluções mais eficazes de controle estratégico desses animais.

Renato de Paiva:”O Ibama está sempre receptivo quanto as orientações ao público”

Renato de Paiva:”O Ibama está sempre receptivo quanto as orientações ao público”

Por sua Vez, o Jornalista do Ibama, Leo Caetano mostrou alguns dados sobre o assunto. Disse que o aumento desses animais começou a partir dos anos 90 no Sul do País e hoje está presente em muitos estados além do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Leo Caetano disse que todos os seguimentos envolvidos na problemática Javali, devem estar atentos pois até mesmo a legislação pode ser modificada, tendo em vista as várias correntes que defendem a caça ou não desses animais.

Leo Caetano: “O Ibama não abre mão das exigências e pode punir faltosos”

Leo Caetano: “O Ibama não abre mão das exigências e pode punir faltosos”

Um exemplo foi a pressão de ambientalistas  e protetores de animais que pressionaram o governo federal e em 2.005, a caça foi suspensa. Depois, em 2.013 nova portaria foi emitida pelo governo liberando a caça dentro de regras específicas. Trata-se da Portaria 065 que criou também um Comitê Permanente, justamente para discutir todos os assuntos relativos, tentando harmonizar favoráveis e contrários ao javali. Inclusive em Brasília, existe uma Consulta Pública que está recebendo até o dia 20 deste mês de outubro, sugestões sobre o problema. A partir de então, o governo analisará e voltará a discutir essas mesmas sugestões através de uma Oficina, para elaboração de um Plano Nacional de Controle do Javali. Os interessados podem buscar mais informações no próprio Site do Ibama, www.ibama.gov.br. No caso de Goiás, www.ibama.gov.br/go.

Com relação a situação atual, Leo Caetano disse que muitas decisões precisam ser tomadas como por exemplo, caçadores habilitados estão matando outros animais e aves além do Javali. Para Leo, isso dá argumentos para os protetores dos animais, podendo influenciar o governo até mesmo na suspensão do Controle Estratégico do Javali. Outros caçadores cruéis estão postando vídeos mostrando animais machucados, sejam cachorros dilacerados por Javalis ou o contrário. Isso implica na perda da licença e penalidades de acordo com a lei de proteção dos animais, assuntos esses que o órgão já vem tomando providências.

Leo Caetano orientou que sem a lei, sem treinamento e sem bom senso, não é possível levar adiante o sistema de caça e controle equilibrados do javali. Quanto aos números, ele disse que de 2013 até 2015, cerca de 4.700 Javalis foram abatidos em todo o país, segundo relatórios dos caçadores. Em Goiás, esse número chegou a 990 no mesmo período. Leo Caetano disse que esses dados podem ser bem mais superiores porque são tirados dos relatórios e nem todos os caçadores estão cumprindo a lei ou seja, não entregam esses documentos.

Sobre esse assunto, o representante do Ibama disse que os caçadores podem ser multados em R$ 1.500,00 para cada um dos documentos não entregues já que a exigência é a cada três meses. As orientações gerais podem ser obtidas através dos telefones, no caso de Goiás, (62) 3946-8140 e 3946-8142.

II ENCONTRO DE CAÇADORES

 

No dia 8 último no Parque da Pecuária em Goiânia, cerca de 200 pessoas prestigiaram o evento promovido pela Associação Goiana de Caça e Conservação. Pela manhã, várias palestras no Tatersal-III. Em seguida, foi servido um almoço e o evento só terminou à tarde.

O público pode ver e comprar também vários tipos de armas e outros equipamentos

O público pode ver e comprar também vários tipos de armas e outros equipamentos

Antes das palestras e depois, a interação dos participantes do evento

Antes das palestras e depois, a interação dos participantes do evento

Cães da raça Galgo usados pela alta velocidade. Criador, Ralff Ribeiro

Cães da raça Galgo usados pela alta velocidade. Criador, Ralff Ribeiro

Durante todo o dia aconteceram também sorteios de brindes e comércio de material de caça, menos armas de fogo. Até mesmo várias raças de cães especiais para caça ao Javali foram levadas para o Parque da Pecuária. No próximo ano novo evento com os mesmos objetivos deverá ser realizado, cuja data ainda não foi definida segundo o presidente da Associação Goiana de Caça e Conservação Daniel Terra. Salientou ele que o II Encontro teve como objetivo principal, a troca de informações, atualização da legislação e o congraçamento entre os caçadores e familiares.

FUNDEPEC-GOIÁS PRESENTE

 

O Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária em Goiás – Fundepec, ajudou a AGCC na realização do evento pois tem interesse direto no assunto já que atua também no trabalho de preservação da saúde dos rebanhos em parceria com a Agrodefesa, principalmente a febre aftosa, peste clássica suína, brucelose, tuberculose, new castle (doenças de aves) etc. Goiás há 22 anos não registra qualquer foco de febre aftosa no rebanho bovino e outras doenças graves em aves e suínos. Por isso, é preciso que todos os órgãos envolvidos na qualidade sanitária dos rebanhos se mantenham vigilantes daí, os trabalhos de parceria.

Texto e fotos: Assessoria de Comunicação – Fundepec-Goiás